sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bob Esponja "O Acumulador"

Assisti um episódio no mínimo curioso de uma série de televisão americana de desenho animado.

O Bob Esponja comeceu a acumular coisas em sua casa, depois as coisas foram invadindo o pátio e até a casa do vizinho Lula Molusco.

Chamada a saúde pública e ameaçados os dois de despejo, considerando que as casas não tinham condições de habilitabilidade, ainda assim Bob Esponja resistia em se livrar do lixo.

Somente foi convencido quando Lula Molusco sugere que ele fotografe todas as coisas. Resultado? Tanto a casa do Bob Esponja como a casa de seu vizinho Lula Molusco ficaram lotadas agora de fotos e quando as portas foram abertas jorraram fotos de onde antes jorravam coisas.

Meu filho de dez anos disse, com cara de pesar, que o episódio não deveria ter sido feito, era muito PESADO e crianças não deveriam assistir. Respondi que ele era criança ainda. Ele retrucou no sentido de que JÁ TINHA dez anos e crianças com cinco anos não deveriam assistir para não ficarem traumatizadas. Penso que ele ficou realmente impressionado!

Semana passada o pai chamou para "gastar dinheiro no shopping" e ele chegou do almoço apavorado, dizendo:

- Mãe, mas eu não preciso de nada!
- Você só tem uma calça jeans e não me deixa comprar outra. Aproveita que vai sair com seu pai e compra mais uma para usar enquanto a outra está secando.
- Eu não quero me tornar um acumulador!

O "problema" das compras ocorreu antes do episódio do Bob Esponja e o passeio no shopping ao que parece transcorreu normalmente, voltou com a calça, duas camisetas e um moleton.

Gosto muito de assistir a série "Os Acumuladores" e, considerando que o pequeno dorme ainda comigo, termina por assistir. Será que é prejudicial para crianças? Em caso positivo, a partir de qual idade poderiam assistir sem danos?

Acredito não estar sendo prejudicial para o Pedro, pois ele não deixa de consumir, embora consuma super pouco e super consciente e desde muito muito pequeno, sempre moderadamente dentro do que é necessário, suportando a pressão da família paterna para que compre muitas coisas.

Qual o limite do consumo? Qual a base considerada saudável? Até que ponto devemos educar financeiramente as crianças desde pequenas? Quais as consequências do conhecimento desde da tenra idade sobre a necessidade do consumo consciente?

Finalmente, a pergunta que me surgiu enquanto assistia o episódio e vi aquelas fotos todas: será que fotografar itens físicos, transformando-os em digitais, resolve o problema de espaço? talvez resolva a questão do espaço físico, mas até quando teremos espaço virtual antes de entulhá-lo como fizemos com o espaço físico? vale a pena digitalizar todos os desenhos, fotos e demais coisas que podemos transformar em lembranças virtuais ou o desapego/minimalismo importa em não ter qualquer registro, exceto a memória?

8 comentários:

  1. Ótima pergunta, Ziula. Eu sou um pouco displicente com o espaço digital, confesso. Vou guardando arquivos sem me preocupar muito. Mas é claro que a organização e o minimalismo tem de chegar lá também - até pra gente conseguir localizar o que guardou!

    Quanto a questão dos registros, eu acho que o minimalismo não nos obriga a confiar só na memória, não. Até porque sozinha ela não dá conta, né? Adoro ver uma foto de uma viagem passada - ela evoca um monte de lembranças. E o álbum de fotos do meu casamento é uma das minhas posses preferidas!

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    1. Lud, minha dúvida específica é o "Cantinho do Ricardão" com muitas caixas grandes com trabalhos escolares das crianças. Estava pensando em fotografar e tirar os papéis, mas não estou sabendo como selecionar e se devo realmente jogar fora os "físicos".

      Por outro lado, sei que preciso fazer isso porque não fará sentido nem para eles tanta papelada... rs

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  2. Apesar da minha pouca empatia com o desenho do bob esponja, já vi esse episódio e achei interessante e educativo, não imaginaria nunca que ele pudesse traumatizar crianças. Tem um outro desenho, não lembro o nome mas era um filme, acho que do Wall.e, que os caras ficavam umas bolas em razão do alto consumo de comidas pouco saudáveis e refrigerantes, também educativo no meu modo de ver embora assim não o faça, e talvez tenha sido traumatizante para as crianças também, pois realmente choca na hora. Mas choques de coisas que não façam bem talvez até faça bem no futuro, ou estão fazendo desenhos “pra adultos assistirem”.

    Quanto à série “acumuladores” nunca assisti na tv, procurei no youtube e se for o mesmo, não consegui ver nem um minuto, mostrou uma casa 100% bagunçada, com comida no chão, um monte de entulhos impossibilitando qualquer trânsito na casa, se for realmente esse programa acho que além de ser passível de traumatizar uma criança pode traumatizar adultos também!! Eu sei que tem gente que vive num local insalubre daqueles na maior, e ainda explica o porquê dos acúmulos, mas isso foge da minha capacidade de compreensão...

    Acho que o fato de consumir sem extravagância é positivo, preocupante seria se não pudesse ver uma loja e abrir um berreiro, me parece que ele não tem nada a aprender, JÁ A ENSINAR... :-)

    Olha, não é da minha conta e eu sei disso, mas considere não levar tão a rigor o minimalismo. Essa pergunta sobre apagar até arquivos digitais confiando só na memória me pareceu exagero, eu sei que era só uma questão levantada mas mesmo assim.. causa um espanto leve..rs

    Abraços!

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    1. Depois que o Pedro nasceu e a partir do momento em que passou a ter "gostos" fiquei meio refém de desenhos animados, mas isso não é pior... o pior são as séries americanas para adolescentes... eca!!!

      Gosto de filmes com desenhos animados... amo até! E realmente tem alguns que somente adultos entendem, mas pelo menos o Pedro me acompanha...

      Adoro a série "Acumuladores", podemos ver até onde vai a loucura das pessoas e talvez controlar a nossa!

      Novamente estou preocupada com o que eles farão com as tranqueiras, que já são poucas :-)

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  3. Oi Ziula, a medida para o consumo saudável ou a guarda de objetos é uma das minhas preocupações também. E acho que nossos questionamentos (as vezes sem uma resposta definitiva)acabam sendo o nosso norte para o equilíbrio. Tenho um filho de 16 anos e por algum tempo guardei seus trabalhos escolares e bilhetinhos,até que chegou um dia que sentamos juntos e nos desfizemos de praticamente tudo, sem digitalizar nada. Isso deve fazer já uns seis anos e não me arrependi. Dou muita importância a nossas conversas e de como negociamos a nossa vida em família. Isso ninguém nos tira e não são esquecidas. E me basta. Abraço!

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    1. Patrícia, é isso! Eureka! Você solucionou minha dúvida! Vou chamar uma a uma minhas crianças e ver o que querem guardar! Afinal são coisas que não são minhas! Obrigada!

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  4. Ziula, hoje em dia a gente se sente tão onipotente que queremos manter tudo e nos esquecemos que algumas coisas a gente deve perder, deixar para trás. Isso acontece com coisas e, em alguns momentos, até com coisas que são "lembranças". Claro que é saudável guardarmos fotos, alguns souvenirs, algumas "lembranças", mas fotografar talvez não seja a melhor saída quando as pessoas passam a fotografar TUDO, como o Bob Esponja. Destralhar, nesse caso, não é só uma questão de tirar de perto o objeto concreto e abrir espaço no ambiernte, mas também aceitar "perder" alguns desses objetos e crescer. As crianças precisam aprender, principalmente, que a gente deve abrir mão de algumas coisas não só para poder ter outras mas também para podermos nos tornar outras coisas. O Bob Esponja abriu mão de objetos concretos mas não se desapegou realmente e por isso não teve nenhum ganho desenvolvimental significativo. É claro que, para um acumulador, trocar objetos por fotos de objetos já é um passo enorme, mas não deveria ser tão difícil para nós, que temos lá nossos apegos mas não desenvolvemos uma patologia. Abraço pra vc e pro seu filhote!

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    1. Marina, minha dúvida estava com aquelas lembranças de crianças, mas a Patrícia solucionou..rs... vou solicitar ajuda aos interessados.

      Agora, como é difícil esse desapego! É uma luta diária!

      Meu filho de dez anos já conhece seu blog e pergunta o que você aprontou naquele dia... rs

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