terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Cachorros e despesas...

Passei rapidamente para relatar quanto custa manter um animal de estimação.

Tenho duas cachorrinhas, Tuka e Mila, com quase quatro anos cada uma e somando as contas anuais constatei que as despesas chegaram a R$ 2.500,00/ano com ração, vacinas, veterinário, banhos quinzenais, tosa, limpeza de dentes.

Assim, interessante antes de resolver ter um animal de estimação seja computado todo o gasto que ele gerará, considerando que deve ser muito bem cuidado, ter uma alimentação balanceada e acompanhamento veterinário, além de ser mantida a higiene.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Influência dos pais sobre as crianças (2)

Fugindo do assunto principal desse blog para relatar uma experiência que passei ontem, sempre com o intuito de ajudar outras pessoas que passem pela mesma situação.

Saímos eu e meu filho mais novo, Pedro Henrique, para caminhar. Ele queria ir de bicicleta. Pneu furado. Caminhamos menos do que costumamos. Em casa, assistimos televisão até a fome bater. Sanduíche com pão integral, requeijão, atum e muuuiiitttaa alface. Falei para ele:

- Esse sanduíche foi feito com muito amor, muito carinho e mmmuuiiittaaa alface !!!

Aqui um parênteses.

Crianças comem o que tem em casa. Os pais são responsáveis pelas compras. Logo, se seu filho somente come guloseimas, bolachas recheadas e outras coisas pouco saudáveis, não me venha com a conversa de que ele não gosta de comida de verdade. O mentor dessa orgia alimentar prejudicial é você - pai, mãe ou outro responsável pela criança.

Se por acaso seu filho estiver obeso e não tiver nenhuma doença que o leve a isso, novamente repito o responsável são os genitores.

Brinco com meu pequeno no mercado e ele só tem nove anos:

- Pegue um carrinho como as outras crianças e encha de porcaria! Seja criança uma vez na vida!

Ao que ele responde:

- Pois é. Depois as mães não sabem porque os filhos são gordos.

E essa situação perdura desde que ele era muito novinho. Sempre foi assim. Não posso dizer se tenho algum mérito nesse comportamento!

Fecha parênteses.

Depois do sanduíche,  lavou as mãos e quando olhei estava com o rosto todo molhado. Comecei a rir e parei logo que percebi os lábios tremendo e ele disse:

- Estou chorando!

Perguntei o que estava acontecendo e a resposta me deixou assustada:

- Tenho medo que você morra e tenho medo de morrer.

Abracei forte e expliquei que isso era amor demais, amor que transborda. Contei que já me senti assim e chorei demais só de pensar em perder alguém. Tentei explicar que as pessoas mesmo depois que morrem permanecem em espírito acompanhando e cuidando uma das outras.

Ele falou que tinha medo da morte de todas as pessoas, não só dele e minha, mas também irmãos, pai, tios. Simplesmente abracei e deixei chorar.

Achei que tinha acalmado e ele começou de novo, perguntando quem cuidaria dele se eu morresse, tendo eu explicado que poderia ser seu irmão, seu pai, seu tio, sua tia, que todos o amavam e iriam cuidar dele com o mesmo carinho com que eu cuidava.

Quando meu filho mais velho chegou, Pedro Henrique perguntou se eu havia contado para ele e eu quis saber se sentia vergonha por ter chorado, ao que respondeu não sentir nenhum constrangimento.

A surpresa veio quando o mais velho deitou na cama com a gente e o pequeno contou rindo que havia chorado, quando mencionei que ele queria saber com quem ficaria se eu morresse. O mais velho falou, também dando risada:

- Tenho certeza que vai querer ficar comigo.

Pedro Henrique dormiu e lá fui eu para a internet pensando ser a única mãe do mundo com um filho que tem medo da morte. Surpresa. É normal em crianças de nove anos e eu agi corretamente. Fiquei me achando.

Desde que assisti um vídeo sobre as reações que devemos ter diante de pessoas feridas, nunca digo uma palavra quando ele se machuca, apenas abraço, se necessário faço curativo ou levo ao médico e explico que sei como está doendo.

Nunca deixo de me surpreender quando passo por um problema e ele simplesmente me abraça e, por vezes, chora comigo, sem dizer uma única palavra.

Ora, não podemos dizer para as crianças, como também não gostamos de ouvir, que "não é nada" ou "já vai passar', pois sempre é alguma coisa, sempre é uma dor, uma perda, uma frustação e nessa hora a sensação de todo mundo é que vai demorar muito tempo para as coisas voltarem ao normal.

Enfim, nossas crianças são guiadas e confortadas por nossa reações. Apenas devemos pensar rapidamente como reagir e nos deixarmos guiar pelo amor, pela forma como gostaríamos de ser tratados.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Influência dos pais sobre as crianças (1)

Certas crianças crescem tendo uma péssima impressão a respeito de dinheiro, outras sem ter nenhuma noção sobre o assunto e algumas poucas sabendo como trabalhar com ele de forma produtiva.

Existem pais com problemas para aministrar os valores recebidos, pois também não tiveram qualquer orientação a respeito ou utilizam o consumo como forma de compensação para suas frustações. Desta forma, passam mensagens incorretas para os pequenos futuros consumidores, por exemplo:

- você acha que dinheiro dá em árvore?
- não tenho dinheiro!
- só se seu tirar dinheiro - algum lugar bem impróprio - com um pauzinho!

Com essas falas deixam patente para a criança que dinheiro é uma coisa ruim, difícil de ganhar, oriundo de locais obscuros e que não propicia nenhum prazer ao gastar. Ao mesmo tempo cedem à algumas vontades dos filhos, sempre demonstrando o sacrifício que estão fazendo e como esses filhos trazem sofrimento.

Ora, a criança chega à vida adulta com a idéia de que dinheiro é uma coisa ruim e, de tão ruim, merece ser gasto todinho em qualquer coisa, bastando livrar-se dos valores ganhos e deixar esse dinheiro bem longe do alcance de algo que possa realmente fazer a diferença em termos de qualidade de vida.

Gravado está nessas pessoas a idéia de consumo! Paga-se as contas básicas e necessárias, tornando o consumo sem freio para que ao final do mês não sobre nenhum dinheiro sujo na conta e a vida vai passando sem que nada de concreto consigam construir, muitas nem mesmo casa própria conseguem possuir e iniciam com enormes empréstimos, terminando em agiotas para conseguir mais dinheiro.

E o círculo vicioso está formado e vai passando de geração em geração!

Somente  quando surge uma pessoa diferente, o padrão é rompido com a criação de novas formas de gerenciar e lidar com o dinheiro e com o consumo, passando a ter uma relação saudável com eles. A partir daí tudo fica mais fácil e é até mais prazeroso trabalhar, receber pelo trabalho e manter um consumo consciente.

Saliento que esse é apenas um exemplo, considerando que cada pessoa é ímpar e mesmo em uma família igual à citada pode existir aquele ser que, criado com maus exemplos, tenha uma vida financeira saudável.

Pretendo com as afirmações feitas apenas alertar sobre as idéias que passamos para nossas crianças, cuja responsabilidade nos foi confiada e que merecem, no mínimo, não sentirem culpa pelos valores que os pais gastam com seu desenvolvimento.

Além disso, merecem saber que dinheiro é uma coisa boa e que pode trazer muito em termos de vida confortável e com mais possibilidade de momentos felizes, desde que todas as áreas estejam equilibradas.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Relação com o consumo...

A relação da maioria das pessoas com o consumo está totalmente equivocada, normalmente sendo estabelecidas necessidades ilusórias e a compra de itens totalmente desnecessários, evoluindo esse comportamento para a compulsão que por vezes sequer é percebida a tempo de não causar problemas.

Realmente imprescindível "pagar-se primeiro" quando receber seus valores mensais decorrentes do seu trabalho, podendo inclusive fingir que ganha menos, por exemplo, 10% para a poupança independentemente das contas a pagar. Programar os gastos de acordo com a remuneação mensal já deduzido o valor a ser economizado.

Mencionei 10% para não assustar quem nunca fez isso, na realidade o ideal seria 30%.

Pode parecer difícil, entretanto, após tornar-se um hábito não vai fazer nenhuma diferença na vida financeira da pessoa. O consumo será feito como se ganhasse menos e o resultado pode parecer pequeno se considerado mensalmente, agora se conisderar o período de um ano, por exemplo, irá verificar que um mês de trabalho sobrou inteirinho para realização de um sonho.

Ontem somei os valores mensais gastos em cada item da planilha e cheguei aos valores anuais para cada um - água, luz, empregadas, mercado, viagens, etc, nos últimos cinco anos. É realmente assustador e um colega falou "tem conta que é melhor não fazer".

Talvez seja melhor não fazer essa conta se a meta for viver na ilusão. Fiquei pensando que acaso tivesse concluído essas contas anuais antes, talvez há muito tempo, por certo teria evitado muitos gastos desnecessários, em seguida concluí que tudo acontece no momento certo e quando estamos preparados para enxergar e tomar providências.

No lançamento das contas mensais desse mês já mudei o foco, passei a verificar qual o impacto determinado gasto terá ao final de um ano e isso é um ótimo freio até para pequenas despesas que parecem inofensivas no microcosmo, mas bastante prejudiciais em período maior.

Esses pequenos gastos diários, que em algum livro que li são chamados de "fator café", podem até garantir um período de férias em um local mais atrativo.

Por vezes precisamos parar e pensar as razões que levam ao consumo, por vezes compramos porque esse é nosso lazer, outras para não enfrentar efetivamente os problemas, outras para compensar algum fato ruim e outras simplesmente porque precisamos de algum item.

Em qualquer dessas situações não importa se você tem dinheiro sobrando, considerando que se está sobrando deve ser guardado para algo que realmente tenha significado e não deve ser jogado no lixo.

Se você não tem dinheiro e precisa de crediário ou cheque especial, basta não consumir, pois somente valeria a pena pagar juros se o valor de que precisa será utilizado em um caso de vida ou morte.

Estamos em um dilema aqui casa e que até é engraçado. Meu filho quer um televisão 3D e quer que eu compre. Detalhe é que ele pode muito bem comprar. Ponderei diversas coisas e até agora ele não conseguiu responder o que faremos com o aparelho que está na sala e em perfeito funcionamento.

Uma das razões pelas quais eu poderia comprar, segundo ele, é que posso dar presentes no "ano sem compras", ao que respondi que posso comprar presentes em datas especiais e não há nenhuma data especial agora e seria um item para dentro da minha casa.

Enfim, já tomei minha decisão e não vou comprar "&ˆ%$##!!&@" de televisão nenhuma (rs), nem mesmo para comemorar o retorno de Luíza do Canadá.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Gaúcho Taura e ponderações...

Tchê, esse post foi inspirado no seu comentário, para retribuir o mate! Então, continue aparecendo Valdemar.

E para quem quiser conhecê-lo basta fazer um passeio acessando "O Bolso da Bombacha" e conhecer um gaúcho taura mesmo, daqueles que já conseguiu domar o consumo e atualmente leva com rédeas muito curtas àquele que é um tormento para muitos.

Contou nosso amigo que em 23 anos de casado parou na quinta cafeteira. Isso me fez lembrar das inúmeras que já tive, inclusive uma de café expresso e a coisa não para por aí, pois estava sonhando com uma cafeteira cujo design é maravilhoso.

Gostou do passado? É que não quero mais, lembrei de um pó para capucino especial que comprei e o sabor é o mesmo do capucino feito naquela tão sonhada cafeteira, logo, não há razão para mais uma candidata à obsolescência programada (por durar pouco) ou ao lugar da prateleira de menos acesso (pelo pouco uso).

No chasque de hoje, Valdemar contou como chegar de R$ 1.000 a um milhão rapidinho, muito instrutivo o texto e em relação a isto ouvi uma história engraçada semana passada. O gerente do banco passou no meu trabalho e no meio da conversa contou que havia atendido uma moça que disse:

- Sou muito esperta com o cartão de crédito! Se eles dizem que posso pagar o mínimo, é claro que pago o mínimo, jamais o valor integral!

Esse gerente esclareceu a incauta moça quanto aos juros e espero que tenha aprendido que cartão de crédito somente vale a pena se você quitar a fatura de forma integral, no vencimento, porque parcelar resulta em um dívida impagável.

Pois é. Nosso gaúcho taura nem cartão de crédito não usa mais, somente notas na guaiaca. Não tenho essa pretensão e por uma razão muito simples, jamais parcelei o cartão de crédito, somente o utilizo quando o preço a vista é o mesmo para pagamento com cartão e ainda utilizo os pontos na troca por milhas, tendo a possibilidade de algumas passagens aéreas sem qualquer pagamento. 

As milhas já resolveram muitas situações. Em uma delas, o valor da passagem era astronômico, em razão da urgência precisava ser emitido o bilhete naquele dia e com as milhas terminei por não desembolsar qualquer valor. Também já serviram para diminuir a despesa em determinado mês, acho que já falei que tenho uma filha que mora em outra cidade, então, passagens são sempre bem vindas.

Menciona esse gaúcho, em comentário feito a um post que escrevi, sobre a coleção de discos de vinil, posteriomente substituída por coleção de cd's, prometendo não mais fazer coleção desse tipo. Cai nessa armadilha também, embora não tenha feito coleção de discos de vinil, pois quando passei a ter condições de comprar já estavam surgindo os cd's e vhs, depois dvd's, então terminei com coleção desses.

Hoje em dia podemos assistir e ouvir tudo que quisermos bastando procurar na internet, sem qualquer custo e sem precisar disponibilizar local para armazenamento, o problema está nos resquícios do passado. Tenho muitas filmagens em vhs e sequer tenho aparelho para assistir, já pensei em passar para dvd, entretanto, agora a mídia é blu-ray.

Realmente uma grande loucura, nem mesmo as memórias podem ser guardadas adequadamente e arriscamos perder momentos importantes em decorrência de toda essa evolução tecnológica.

Quanto ao carro, resta-me admirar o amigo! Preciso por questões de saúde de carro automático, penso que já contei as razões por aqui e não pretendo ficar falando de problemas de saúde - já percebi que tenho essa mania e quero perder. Então, considero item necessário, útil, imprescindível e termino por ceder mesmo aos apelos, design e tudo mais, confissões que também já foram feitas em várias postagens.

Ressalvo, apenas, que jamais financiei um carro e sempre investi (sim, carro é investimento segundo um economista e a gente grava aquilo que quer se convencer, menciona ele o bem-estar e outras coisas) quando não havia prejuízo para os outros investimentos ou família.

Há algum tempo aprendi sobre o "pague-se primeiro" e não abro mão desse procedimento que tem rendido ótimos frutos. Muitas pessoas mencionam que não é possível pagar-se e argumentarm que os valores sequer são suficientes para o pagamento das contas do mês. 

Li um dia desses sobre um rapaz que ganhava salário mínimo e sempre reservou 10% do valor recebido para investimentos. Quando casou, convenceu a esposa a fazer o mesmo com o que recebia. O resultado foi que já possuem casa própria e, devagar, vão realizando sonhos. 

É possível sim economizar antes de pagar as contas, bastando ter menos dívidas e deixar um outro supérfluo somente na vontade.

Para encerrar, ontem passei uma situação no mínimo bizarra. Estava no shopping apenas para almoçar e passei por uma joalheria que amo. Olho a vitrine e lá estavam jóias em promoção com preços inacreditáveis para esse local. Comecei a passar mal, olhos ardendo, terminei indo para casa. Depois que passou o surto, tentei encontrar qual a razão para isso, pois quase perdi o "ano sem compras" por uma grande bobagem, por uma "pechincha" que talvez nem existisse, por mais um produto que ficaria guardado, enfim, por algo que não preciso. Nenhuma razão encontrei por esse fascínio por jóias e quando achar alguma razão prometo escrever por aqui.

Um abraço Valdemar, para ti e para tua família e continue aparecendo para um chimarrão! Parabéns por essa linda história de amor que completará 23 anos!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Reação à obsolescência programada!

Consumimos sem pensar e nas conversas com outras pessoas a pauta principal é sobre o que adquirimos, o que vamos adquirir, contas a pagar, salário que não é suficiente para tudo que queremos fazer. Tem aqueles também cujos valores recebidos são utilizados para, como dizem, fazer tudo que querem e assim encontrar a felicidade nesses bens de consumo.

Dificilmente conversamos sobre a desnecessidade de tanto consumo, as razões que levam a querer sempre outras coisas e sobre ser imprescindível desenvolver um consumo consciente.

Com a Revolução Industrial os bens passaram a ser produzidos em série e o consumidor passou a ser adestrado para comprar cada vez mais bens não duráveis, tudo como intuito de colocação dos produtos produzidos no mercado. Somado a esse fato, a indústria passou a produzir bens que duram menos, aumentando mais uma vez a necessidade de consumo.

Já perdi a conta de quantas geladeiras, fogões, máquinas de lavar, computadores, ferros elétricos e sanduicheiras, dentre outros produtos, comprei durante minha vida. Sempre que procuro a assistência técnica a fim de consertar algum desses itens o valor cobrado pelo serviço me faz optar por um produto novo ou o bem utilizado torna-se obsoleto, como no caso dos computadores em que temos necessidade de maior capacidade de armazenamento ou novos recursos. É a chamada obsolescência programada.

Em relação à essa obsolescência programada você encontra na internet textos e vídeos bastante esclarecedores. Como costumo dizer aqui no blog, quando quer mudar alguma coisa, tomar consciência das reais motivações de determinados comportamentos é necessário estudar, sendo um grande alerta este tema. Um alerta principalmente para a forma como somos manipulados. Vale a pena a pesquisa e a leitura.

Somente agora entendo a tão desnecessária troca de carro que fiz nesse "ano sem compras", pois o antigo estava funcionando perfeitamente, manutenção em dia, mas foi impossível não me curvar a um novo design, uma nova facilidade, uma nova vontade.

Nem sempre é possível resistir ao marketing. Achamos mil e uma desculpas, milhões de justificativas e dentre elas o motivo determinante para continuarmos adestrados.

Alguém deve ter estranhado o termo "adestrado" ao invés de condicionado, entretanto, o que ocorre na realidade é agirmos como animais irracionais, atendendo aos apelos capitalistas, sem questionar. Agimos exatamente como um animalzinho de estimação que deve fazer exatamente como o "dono", no caso o mercado, determina.

É necessário começarmos a fazer concessões à própria liberdade, buscar uma forma de resistir, passar a consumir o necessário apenas e não tudo que nos impõem. Deixar de aceitar as exigências que fazem com que cada vez mais compremos coisas desnecessárias, com um dinheiro que não temos, criando insatisfação com os valores recebidos em decorrência do trabalho que prestamos.

Falo em dinheiro que não temos em razão das constantes reclamações de todas as categorias de trabalhadores sobre a insuficiência dos salários. Ora, será que os salários - e aqui não estou falando de salário mínimo e sim em classe média - são tão baixos assim ou será que nosso anseio por consumir mais e mais coisas está fora de controle?

Certamente é desperdício vivermos da forma como estamos vivendo, impondo-se tomar atitudes mágicas e, finalmente, encontrar o que é importante na existência.

Não falo em total ausência de consumo, seria total incoerência, o mercado pararia, haveria desemprego. O que busco é um consumo consciente, com menos lixo atirado por aí, menos preocupações com o que se quer adquirir, mais tranquilidade para chegar ao final do mês com o que se ganha e maior valorização do que realmente importa - para mim, um convívio mais maduro com todas as pessoas.

Cometemos erros diários em relação ao consumo e enquanto fazemos isso, incríveis oportunidades de crescimento pessoal passam despercebidas, possibilidades de melhora nos relacionamentos são relegadas a segundo plano, tudo decorrente do tempo perdido na preocupação com bens a consumir e contas a pagar, somado ao estresse que isso traz e à insatisfação que gera, inclusive no que se refere ao emprego.

A internet tem sido um grande facilitador do consumo e, obedecendo à ambivalência que é atributo de tudo que existe, um alerta e uma possilidade da discussão sobre a necessidade de frear esse consumo chegar a um número ilimitado de pessoas.
Precisamos tomar as rédeas de nossas decisões, deixar o condicionamento/adestramento de lado e passar a agir conscientemente. Adormecemos por muito tempo. É tempo de acordar!

Temos as respostas ou possibilidade procurá-las e com isso encontrar a fórmula pessoal para viver melhor e tornar esse mundo um lugar mais sustentável, o que não podemos mais é ficar inertes e vivendo como nos mandaram viver por interesses outros, interesses esses que não passam pelo conceito de felicidade.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

194 dias...

Passados 194 dias sem compras de supérfluos, somente com reposição do que já terminou, constato que ainda não precisei repor shampoo, condicionador, perfume e protetor solar, nem mesmo para meus filhos precisei comprar esses itens.

Com certeza no início produtos vencidos foram jogados no lixo, tais como hidratantes que estavam sempre em estoque com o pequeno detalhe de não usar hidratante, no máximo um óleo durante o banho.

Essa mania de estocar devia ser decorrente daquela época horrorosa que vivemos na década de 1990, onde no mês de março a inflação chegou a 84,32%.

Hoje em dia alguém consegue imaginar como se vive com uma inflação dessas que acarretava o reajuste diário de produtos e serviços? Pois é, eu vivi nessa época e tínhamos que estocar produtos em casa, sempre que achávamos algo mais barato comprávamos de caixa pelo pavor do reajuste.

Não lembro bem se conseguíamos usar tudo que era adquirido e os passeios eram para cidades próximas, sempre em busca de alimentos e material de limpeza em pequenos mercados que não acompanhavam os índices astronômicos.

Só mês passado lembrei desse fenômeno e entendi essa neurose do estoque, essa necessidade de sempre ter produtos guardados.

Ainda bem que isso passou, ficou lá atrás e os resquícios foram curados com o "ano sem compras" que permitiu, além da limpeza dos armários, uma repaginada nas atitudes em relação ao consumo e o reconhecimento das reais motivações e necessidades.

Quanto aos perfumes, já perdi a conta de quantos frascos terminei de usar e o natural seria jogar fora, mas eu os colecionava.

Sequer abri o perfume que ganhei de Natal, pois ainda tenho três em uso e não se pode esquecer que depois de aberto o frasco, o perfume estraga, fica com um cheiro muito ruim.

Outra situação que sempre me incomoda quando entro na casa dos outros e não deveria incomodar, pois como diz meu filho mais novo "não é problema meu", é a quantidade de frascos de shampoo, sabonetes em uso, escovas de cabelo sujas.

É interessante observar que certas pessoas tem o hábito de sempre abrir um frasco novo de shampoo ou pegar novo creme dental quando ainda não acabou aquele em uso e os demais que vão usar sempre utilizam o mais cheio. Isso não é exceção, é regra que gera muitos frascos pegando poeira no banheiro.

Todos esses condicionamentos geram sujeira, bagunça, produtos vencidos e tudo isso me incomoda, mesmo que não seja no meu ambiente. 

Bem, consegui identificar essa outra neurose ao verificar a situação descrita no post "A lógica dos acumuladores...", quando ao viver muito tempo naquela situação, sem poder interferir diretamente nela, terminei por não suportar qualquer bagunça e, ao mesmo tempo, comecei a acumular ordenamente algumas coisas, o que também já foi resolvido nas inúmeras sessões de desapego que permitiram colocar muitas coisas no lixo.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Dicas para começar o "ano sem compras"

"Estou pensando seriamente em seguir teus passos em "Ano sem Compras", mas preciso dar um jeito em minha casa. Então estava pensando em fazer um Ano sem compras só para roupas. Comprarei somente coisas necessárias p minha casa q está pedindo socorro. Se tiver alguma dica de como posso começar me manda...Isso realmente é contagiante...Bjinhos"

O comentário acima foi feito no post "Muitos assuntos e nenhuma idéia...", mas constou o remetente como anônimo. Não tendo como responder diretamente para a pessoa, resolvi escrever por aqui mesmo, confessando que é difícil escrever "por encomenda", considerando que cada pessoa tem seus costumes, sua história e necessidades diferentes. Vou tentar!

DICA 1 - ORGANIZAÇÃO

Será que sua casa está mesmo pedindo socorro?
A primeira dica seria fazer uma bela e completa organização, considerando que por vezes temos coisas guardadas, extremamente úteis e sequer sabemos que estão por aí "dando sopa". É bem possível também que você consiga dar novas utilidades a velhos itens.

Por exemplo, dia desses eu queria um porta cotonete para colocar na necessaire, não podia comprar em razão do "ano sem compras" e também é muito difícil de achar, abri uma gaveta e encontrei uma cigarreira e, por incrível que possa parecer, o cigarro tem o mesmo tamanho do cotonete... a essas alturas já estou rindo, mas só tenho encontrado situações engraçadas. Vidros podem ser usados como porta mantimentos, caixas como organizadores, enfim...

Se você tiver duas casas, como minha irmã, ficará ainda mais fácil, pois basta deixar o básico em uma delas e conseguir o que falta para a outra.

Depois de organizar tudo, tirar todas as tralhas acumuladas, colocar todo o resto no lugar, faça um levantamento do que realmente precisa para sua casa e quando digo "precisa" é uma necessidade inadiável e urgente sem a qual o ritmo da moradia restará prejudicado.

Anotadas todas as coisas necessárias e essenciais, pesquise preços na internet e faça as compras no ritmo que seu orçamento permitir.

DICA 2 - PLANILHAS

Em qualquer situação é importante o controle das receitas e despesas. Por vezes um pequeno valor que não sabemos para onde foi faz grande diferença. As planilhas ajudam a monitorar o que pode ser mantido e aquilo que podemos diminuir ou eliminar.

Depois que iniciei o "ano sem compras" já eliminei assinatura de jornais, não compro livros e revistas, sendo que muitos gastos foram racionalizados.

Para verificar como fazer as planilhas acesse "Planilhas, controle e onde você quer chegar...", sendo estas para a totalização mensal e as despesas diárias devem ser anotadas em uma agenda ou algum papel que você possa ter sempre junto.

DICA 3 - QUAL SUA MOTIVAÇÃO?

Tudo organizado, planilhas para controle e o resto anotado, você estará pronta para iniciar o "ano sem compras" desde que haja uma motivação para tanto e você mesma terá que descobrir qual a sua razão de querer entrar no desafio.

Escrevi sobre as motivações neste local Razões para ficar "UM ANO SEM COMPRAR" e por mais que pense a única conclusão que chego para justificar o desafio foi testar meus próprios limites, sou muito impulsiva, embora não compulsiva, e queria ver como seria resistir ao apelo de consumo com o qual nos atacam diariamente. A finalidade foi mesmo contestar o condicionamento de consumir, consumir, consumir.

Para iniciar basta marcar uma data, de preferência um primeiro dia do mês - parece mais convidativo. Um blog é uma boa medida, com contador de tempo e tudo, porque a partir dele você assume um compromisso público e pode ter certeza de que todos cobram no sentido de você manter o desafio, ficando mais fácil do que um compromisso unicamente pessoal.

Necessário fixar os itens permitidos e proibidos, podendo seguir como exemplo aqueles constantes do post "Começou hoje o ano sabático", colocando as variações conforme seu estilo de vida e seus itens indispensáveis.

Depois, é só persistir! No começo não é fácil e no decorrer do projeto muitas dificuldades surgem, entretanto, confesso que até agora não encontrei nada tão irresistível que valesse a pena desistir do "ano sem compras".

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A lógica dos acumuladores...

Jamais percebi que havia um acumulador bem próximo de mim, ou melhor, penso que jamais tinha parado para pensar neste aspecto de alguém com quem convivo, embora atualmente bem pouco.

Todas minhas reflexões sobre o "ano sem compras" e sobre organização me fizeram até ter vontade de fotografar a situação toda para dividir com quem acompanha o blog. Bem explicado: a pessoa foi avisada e disse que entraria na internet, o que é engraçado - tanto a autorização quanto o fato de entrar na internet!
 
Escrevi um post sobre "Os Delírios de Consumo de Becky Bloom" e a Marina do "Um Ano Sem Compras" comentou sobre a série "Acumuladores". Até então era tudo muito distante, pois adoro assistir essa série, mas não imaginei como era na realidade, nem sequer sonhava com as desculpas que dão as pessoas que tem esse transtorno.

Não quero fazer nenhum juízo de valor a respeito, considerando que cada qual vive da forma como se sente melhor e, na realidade, me diverti muitíssimo com esse acumulador, até arrisco dizer que nunca dei tanta risada na vida!

Sei que eu não conseguiria ficar um dia no meio dessa tralha toda, mas não incomoda a pessoa que assim escolheu e também não interfere na casa onde mora, tudo fica em local separado e sem contato direto com a rotina diária. Preocupante seria acaso essa bagunça fosse trazida para dentro da moradia, o que não é o caso.

Garrafas pet são guardadas e não destinadas ao lixo reciclável, isso porque tem que levar água para uma pessoa no sítio. Com a quantidade de garrafas guardadas daria para levar água para toda uma comunidade formada por mais de trinta pessoas. Na foto acima apenas algumas das garrafas.




Discutimos, o acumulador, meu filho e eu, sobre a quantidade de madeira guardada e a conversa foi mais ou menos assim:

- O que vai fazer com essa madeira velha que veio da construção aqui do lado?
- Um dia vou construir um chalé no sítio e uma agropecuária. Usarei a madeira para andaime e outras coisas na construção!
- Considerando que um dia é longe, vamos locar uma caçamba para colocar todo esse entulho e mandar para o lixo?
- Não, não posso colocar a madeira no lixo, vale dinheiro, cada tábua custa em torno de R$ 20,00!
- Então, vamos vender essa madeira.
- Eles pagam no máximo R$ 2,00.
- Fácil, vendemos por R$ 2,00 e quando precisar compramos novamente por R$ 2,00.
- Também não dá, quem tem não vende e aprendi com meu pai que "quem guarda tem".

Quem continuaria insistindo depois de tantos argumentos convincentes?

Em relação às garrafas de velho barreiro tudo andou no mesmo sentido:

- O que vai fazer com essas garrafas vazias de velho barreiro?
A resposta foi só risada.
- Podemos colocar no lixo reciclável?
- Não, vou levar para o sítio!
No dia seguinte:
- O que vai fazer com essas garrafas vazas de velho barreiro? Eu e o Renato podemos colocar no lixo reciclável?
- Eu é que vou colocar no reciclável!
- Então vamos recolher.
- Não precisa, hoje é quinta-feira e a coleta de reciclável é só na sexta-feira. Amanhã eu recolho.

E lá ficaram as garrafas.




Comentei acima não interferir a bagunça na casa de moradia, entretanto, o acumulador estava tentando se apoderar da área de serviço que fica entre a cozinha e a sala. Desta forma, tive que ser invasiva e tomar algumas providências.

A cozinha foi o começo da organização que fiz, entretanto, tudo que tirei foi parar em um dos quartinhos de bagunça (além daquela garagem, existem dois quartinhos chaveados ao lado e mais um no segundo piso, também trancado) ou na camionete para ser levado ao sítio. Pelo menos essas coisas saíram da circulação da casa, o que já é um grande passo.

Terminada a cozinha, foi a vez a área de serviço, depois da sala de estar, da sala de jantar, do escritório e de uma salinha que atualmente não tem muita utilidade.

Fui tirando o que não deveria estar ali e levando para a área de serviço, sempre ameaçando que o prazo era até o meio dia para que saíssem dali e no primeiro dia a ameaça funcionou, já no segundo dia nem tanto, pois quando viajei a mesa da área de serviço ainda estava cheia de lixo. Quem sabe quando eu voltar encontre tudo melhor.

O mais engraçado na cozinha foi uma panela que achei dentro da caixa onde veio quando da compra. A panela é de uso diário e estava na caixa. Falei para jogar a caixa fora e o acumular veio e disse:

- Isso não é uma caixa, é um porta-panela!

Rindo, coloquei a caixa no lixo, porque porta-panela para mim foi demais.



Preciso reconhecer que esse acumulador tem imaginação fértil e resolvi compartilhar a idéia da toalha, caso alguém tenha o mesmo problema.

Isso também rendeu muitas risadas. O Renato foi até o lavado, puxou e puxou a toalha e ela não saiu do lugar.

O filho, neto e outras pessoas, toda vez que iam secar as mãos jogavam a toalha do lavado no chão. O problema foi resolvido amarrando a toalha e olha como ficou firme...

A placa estava indo para o lixo em razão da morte de um advogado da cidade. Nosso acumulador predileto foi até a lixeira, retirou a placa e teve a capacidade de mandar lixar o nome do falecido, dizendo que um dia colocará o seu nome. Eu não acredito! Não acredito que ele fez isso e também não acredito que essa placa um dia terá o nome dele! O bom disso tudo foram, novamente as risadas!!!

Tem a vizinha que pediu para jogar, na caçamba de entulho da construção no terreno ao lado,  a placa estragada que pertencia a uma academia. Resultado? Da caçamba foi para perto das madeiras e garrafas, a desculpa é que será utilizada na agropecuária que ele fará um dia, bastando lixar, mandar pintar e fazer novo letreiro. A placa está toda enferrujada e quebrada! A agropecuária é um desejo que deve ter mais de trinta anos!

Para encerrar temos ainda uma janela da velha construção ao lado da casa do acumulador, janela essa com persiana embutida que não funciona mais, e foi trazida, juntamente com as madeiras,  para um dia ser utilizada no chalé a ser edificado no sítio. 

Lembremos que no sítio já existe uma casa com varanda e até a ocasião em que visitei era uma casa bem bonita, simples, mas bonita. Com toda essa acumulação e depois de ver a camionete cheia de tralhas, já não sei mais como é a casa do sítio.

Acaso você tenha se identificado e a vontade seja incontrolável, tome providências, mesmo que suas tralhas sejam em menor quantidade!

domingo, 1 de janeiro de 2012

Muitos assuntos e nenhuma idéia...

Tornou-se um hábito não consumir além do necessário e indispensável, talvez uma compulsão ao contrário.

Ontem fomos para a Argentina, somente no cassino para almoçar e jogar.

Como me recusei a colocar dinheiro na brincadeira, acabei tomando emprestado 50 pesos e logo em seguida devolvi o empréstimo, saindo de lá com 550 pesos que ganhei nas máquinas.

Quando chegamos em casa, tanto meu filho quanto o pai dele começaram a rir e disseram que o primeiro pensamento que tiveram era que eu ia gastar o dinheiro ganho e que daria a desculpa de que era um extra e portanto poderia ser gasto com qualquer coisa. Confessaram não ter acreditado quando viram que não comprei nada.

O fato é que não importa a origem dos valores e sim o compromisso com o "ano sem compras", além disso ponderei que esse importe ganho seria gasto em algo realmente necessário: o pagamento de parte das diárias do hotel onde estou (rs).

Digno de registro o fato de que nenhum de nós comprou nada na Argentina, mesmo com os preços convidativos dos produtos naquele país. O pai do Renato, que vai para lá toda santa quinta-feira, afirmou que foi a primeira vez em mais de dez anos em que nada comprou. Já estou achando que esta abstinência de compras é contagiosa.

Impressionante também o Renato, cuja mudança no comportamento e na ansiedade por compras é visível. Olha, olha, sapeia no e-bay e espera muito até adquirir qualquer coisa, dizendo que eu fico falando que tem que comprar o que é necessário. É isso aí, tem que ver o que realmente precisa e não trazer para casa coisas somente pelo prazer da compra.

Passei pela praia, pela cidade da minha mãe e consegui sair invicta. Antes, todos os anos, a praia era uma desculpa para um biquini novo, uma saída de banho, uma panela de barro ou qualquer outra coisa que gostasse, sendo que na cidade da minha mãe tem uma loja em que sempre saía alguma coisa para meu guarda-roupa e depois eu não usava, além da outra com sapatos maravilhosos e que depois se mostravam fora do que uso, ficando encostados até a doação em uma das inúmeras limpezas.

No último post falei que tentaria arrumar a mala para viajar e agora dou notícias a respeito. Ficou tudo perfeito, não faltou nada e o que eu compraria em outras épocas para viajar não fez a menor falta, penso que antes a "necessidade" de alguma coisa, só porque sairia da minha casa, era apenas desculpa para consumo de supérfluos.

Então, nada de novo. Nenhum item novo. Nenhuma novidade em termos de consumo, apenas a persistência para atingir o objetivo traçado em julho de 2011.

Sendo o primeiro dia de um novo ano desejo a todo um feliz 2012!!! E que todos os sonhos se realizem!!!