domingo, 24 de novembro de 2013

Crianças e consumo ou insanidade do consumo infantil!

Gabriela G. Lima deixou esse comentário em uma das postagens:

"Essa pessoa aí do cartão estourado está parecendo a minha colega de trabalho que alega que o salário não dá: agora ela me disse que tem que trocar as mochilas das filhas regularmente, pois no colégio "todos fazem isso", conforme o programa/seriado da moda que lança esse produto: já foi meninas superpoderosas, RBD, Glee e outros que não me recordo. E pensar que passei todo o primeiro grau com a mesma mochila da moda, do Cantão, uns cinco anos e ainda parte do 2º grau quando fiz 15 anos e ganhei 1 (uma) bolsa e passei a usar a dita bolsa...Antes disso ela tinha me dito que cada menina tinha 50 (cinquenta) Barbies, entre marido da Barbie, filho da Barbie, cachorro da Barbie etc. O povo gosta de se complicar, não tem jeito."

Realmente não sei se as pessoas gostam de complicar ou se gostam de sofrer, porque essa mesma pessoa mencionada pela Gabriela, segundo relato em outros textos dela, já precisou vender a casa e mudar para um lugar menor e não está nada feliz com isso. Será que essa colega não consegue perceber que cada tijolo, cada cômodo da casa anterior está enterrado em mochilas, bonecas, no salão de beleza que vai semanalmente com as filhas e onde gasta R$ 250,00 em um total de R$ 1.000,00 mensais?

Aqui as coisas já foram meio fora do padrão atual, mas nunca chegaram a extremos.

O Pedro Henrique começou na escola com quatro anos, isso se a memória não me falha, e está com quase doze anos. Inicialmente usava uma mochila que imitava um tênis e ela ficou pequena a ponto do menino observar: nossa, mãe, eu achava essa mochila grande e agora parece que ela diminuiu de tamanho. Nessas alturas da vida ganhou uma mochila maior de Natal, presente da linda Tia Adelina, e logicamente do Internacional. Claro que por ser desse time era de ótima qualidade, né Adriana do chinelo? Usou, usou, usou e finalmente estragou. Sorte que nessa época uma loja do shopping estava fechando e todos os produtos estavam em promoção. Recebeu uma grande mochila da Oakley que tinha como valor real R$ 500,00 e foi comprada por R$ 250,00 e com ela está até hoje utilizando até mesmo em viagens e não está dando sinais de que acabará tão cedo.

Penso que essa história de trocar de mochila todos os anos ou várias vezes ao ano não parte naturalmente da criança e sim é plantada pelos pais. Alguns pais querem mostrar como estão bem socialmente, como cresceram na escala social, como podem dar tudo para os filhos e adoram que as crianças desfilem novas coisas e novos itens. Criam seus pequenos para serem sempre pequenos seres consumistas, cheios de necessidades e insatisfações. 

Sim, insatisfações, porque se eu posso ter tudo eu quero ter tudo agora e não posso esperar até o dia seguinte para ir até a loja, não posso esperar o aniversário para ter o prazer de um presente há muito esperado, não posso esperar meus pais guardarem dinheiro para que minha necessidade, novo nome para o desejo imediato em determinadas famílias, seja atendida.

Uma coleguinha do Pedro chegou a esfolar todo o tênis na calçada da escola somente para obrigar seus pais a comprarem uma chuteira nova igual à do coleguinha "x", porque essa chuteira havia sido negada ao fundamento de que aquela que foi estragada estava nova.

Nessa mesma esteira essas crianças cujos desejos são atendidos como se fadas fossem os pais não sabem se comportar em um restaurante, não fazem uma única tarefa doméstica, não tem um pingo de traquejo social e cheguei a presenciar uma menina desse tipo ser isolada pelas colegas, precisar intervenção da escola, foi parar na psicóloga junto com os pais, houve reunião com todas as mães e a menina foi "inserida" novamente no grupo, mas sempre com desconfiança das demais crianças e dos pais dessas crianças.

E todos temos "n" histórias para contar em relação às pessoas que os são próximas e aqui faço uma proposta: cada qual que tiver uma história desse tipo mande nos comentários e vamos juntas todas em um post.

Ziula, para criticar os outros? Claro que não. Todos devem ser respeitados porque estão agindo exatamente como lhes permite o estágio evolutivo em que se encontram. Então, qual o objetivo?

Acredito que se alguma dessas pessoas vier "passear" por aqui, encontrar uma história dessas e se identificar, já é um passo para levar essa pessoa à refletir sobre seus atos e futuramente até mudar sua forma de agir e ser mais feliz, mais realizada e com melhor qualidade de vida.

10 comentários:

  1. Quase 12 anos... olha não devemos fazer com os outros o que não queremos que façam com a gente.... essa de dar “quase 12 anos”, deixa o guri ainda ter os 11. Eu pelo menos ia ficar de mal se me dessem 1 ano a mais... kkk, e essa do inter o combinado era não ir de mãos abanando no cheff, mas dai ainda não deu né, a minha parte está em parte cumprida, eu comprei o negócio lá e nem poderia usar, se demorar muito ele vai ter que dar para o cachorro comer porque vai ficar pequeno..rs

    Bem, quanto a isso de trocar de mochila não acho que é só coisa dos pais não; pelo menos na minha época não era e uns anos atrás quando uma tia estava reclamando dizendo que não ia comprar outra mochila para a neta nada, que usasse a mesma, a mãe, irmã dela, disse que bem que ela fazia e que ela deveria ter feito isso comigo e com meu irmão também!!! Maldade gratuita assim num aniversário dessa tia, claro que falando só para apoiar a atitude e implicar comigo, mas na escola a gente se influencia pelos colegas, pelos programas de tv, lápis de cor também, se a mãe comprasse de 12 cores e sem bonequinha na caixa eu já fazia cara feia, tinha que ser faber castell, bonequinha bonita, 36 cores... , assim como essa influência sofremos a vida inteira na verdade, no meio que vive, no trabalho, etc.

    Penso que é saber ter um limite. Quando eu queria algo muito absurdo eu não ganhava e pronto, não adiantava sapatear, mas ao mesmo tempo nunca tive privações das coisas e é muito perigoso se a pessoa não põe limites pois depois não consegue tirar ou deixa a pessoa traumatizada. Só que como ensinar controle se a pessoa não tem? Essa pessoa mencionada pela Gabriela parece não ter e infelizmente eu duvido que agora consiga com que as filhas mudem maus hábitos, caso tenham.

    Eu conheço uma pessoa assim que reclama dia sim e dia também do que recebe. O interessante é que não faz absolutamente nada para mudar. Essa pessoa tem 3 filhas, adultas, 20 e poucos anos cada, que não trabalham, não estudam. Só ficam em casa vendo tv e ligavam para essa pessoa sempre no horário de trabalho para falar alguma coisa e eu só ouvia coisas como “pede para ela limpar o armário e estender a roupa”, se referindo a uma diarista que ia lá. 3 adultas sem atividade em casa mas pagando diarista. A conta de celular era outro problema, criticava que era alta e não conseguia pagar. Tu ia ligar para o celular dessa pessoa para falar coisa de trabalho e o celular estava com alguma filha. Sem contar quando ligavam para falar que iriam ao shopping que tal loja estava em promoção. Sabe quando dá vontade de dizer “manda essas gurias pelo menos limpar a casa e economiza com a diarista, muda o celular para cartão, evita ir ao shopping fazer compra independente da promoção se não está precisando” e antes de abrir a boca pensar que tudo isso vai ser inútil e ainda vai te tirar para chata?

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    1. E isso aí, Adriana, eu penso à beça antes de falar com qualquer pessoa esse assunto (ou até qualquer outro) pois sempre passamos por intrometidos, intolerantes ou não podemos falar pois não conhecemos o assunto (minha colega mencionada anteriormente acha que tenho uma vida moleza "porque não tem filhos", então não teria como opinar). Mas pensa bem, no geral essas crianças de hoje em dia, se o pensamento generalizado é (ou me parece que é esse) de competição para ter as coisas, como vai ser sofrido tudo para essas futuras "pessoas". Cada vez tem menos emprego, os salários não acompanham, ganhar a vida é difícil e todo mundo tem que demonstrar a possibilidade infinita de ter tudo que deseja. Na minha época de criança/adolescente (uns 25 anos atrás) seriam impensável para mim e a maioria dos meus colegas esses pedidos absurdos e infinitos, e olha que estudei em escola particular, fiz cursinho de inglês, ginástica etc, mas acho que o limite era saudável, mesmo que em tese alguns pudessem ter até mais do que tinham. Hoje em dia, para a maioria das crianças que conheço, quando vou em festinha de aniversário, nem me estresso muito com qual presente levar, pois as casas são entulhadas de brinquedos por todos os cantos e os pais renovam os estoques regularmente, sem nenhuma ocasião especial. Por isso eu só assisto aos acontecimentos, abismada.

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    2. Gabriela já me disseram ter a mesma moleza que tu falou e pelo mesmo motivo. Eu prefiro nem responder, se a pessoa quer seguir agindo da forma que age... paciência, eu acho que o certo é fazer diferente. Quer comprar compra, mas mostra que custa caro. Mostra que não caem do céu.

      Eu acho que esse exibicionismo sempre existiu, mas hoje parece mais preocupante. Já me surpreendi também com uma colega que gasta mais que uma mensalidade de mestrado para a escolinha do filho de 4 anos, agora se ela quer que bom que pode e que faça, só que vai ter que manter, bota esse guri numa escola inferior depois pra ver.. e isso que geralmente não pensam...

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    3. Penso que filhos precisam ter conforto, mas antes de tudo precisam ter limites até porque não sabemos o que a vida reserva para eles, não é mesmo?

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  2. Ah, Ziula, minha mochila da moda era da Company e não Cantão, e provavelmente deve estar vivendo sua velhice no sótão da casa da minha mãe (acumuladora rsrsrs). Sabia que era com "C".

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    1. Ai ai ai coloca essa mochila em circulação... rs... brincadeira... se te faz feliz, guarda mesmo!

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  3. Ziula, eu tive umas 3 ou 4 mochilas em toda minha vida estudantil, sendo que a primeira tinha sido da minha mãe. Também acho um exagero. Nesse momento estou enfrentando um dilema interessante: Natal chegando e eu sem sabero que eu quero. Pessoas me pedindo sugestões e eu sem saber que sugestão dar.... ok, se eu pensar um pouquinho, tem algumas coisas que eu poderia substituir... mas tenho que pensar, sabe? E eu fico achando que é prosperidade demais pra uma pessoa isso de ter de pensar no que eu quero pra poder conseguir dar uma ou duas sugestões de presente! Bjo!

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    1. Já tive fases em que queria muito e ficava triste quando não ganhava. Quando descobri minha própria força e comecei a atender o que realmente era importante deixei de desejar.
      Beijos

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  4. Bom, é difícil contar uma história desse tipo sem criticar alguém.
    O fato é que tenho um cunhado, casado com a minha irmã, que foi criado na largueza da vida.
    Eu acho que ele tem megalomania. Tudo dele tem que ser grande, vistoso, caro.
    Tanto que ele possui uma casa própria mas não mora nela, por não caber os móveis King.
    Eles pagam aluguel!!!!???
    Bem, mas a história é a seguinte:
    Sou de uma família de 10 irmãos. Todos casados e com pelo menos um filho. O que já triplica o número de pessoas.
    Há tempos é costume comemorarmos o Natal na casa de minha mãe.
    Aí veio o tal de amigo secreto. Facilitou muito a nossa vida.
    A gente chega e coloca o presente do amigo debaixo da árvore.
    De repente, ele chega! Cheio de pacotes enormes, lindos, "vistosos". Nem cabe debaixo da árvore.
    Claro que todo mundo gostaria de ganhar aqueles presentes. Somos normais!
    Papo vai, papo vem...e eis que chega a hora da brincadeira dos presentes.
    É uma folia, vocês bem sabem.
    E aqueles presentes vistosos não saem nunca.
    Até que as revelações chegam ao fim. A maioria dos presentes vieram de lojas populares, porém, escolhidos com muito carinho.

    E aqueles pacotes? Pois é, são dos dois filhos dele e também da minha irmã.
    Eles abrem, ficam hiper-felizes e deixam todo mundo com cara de quá,quá,quá,quá...

    No ano seguinte foi a mesmíssima coisa.
    Alguém teve que dar um toque no "coitado". Parece que ele não tinha entendido a brincadeira.
    Imagino que ele chamou toda a minha família de ignorante. Pois deu uma afastada.
    Depois disso, ele não mais participou do Natal conosco. Magoou!

    Infelizmente, tivemos que tirar a fruta podre. Não necessariamente a pessoa, mas sim a atitude dela.
    A família é como a jardinagem, requer tempo, dedicação e cuidado...para, depois, nos dar em troca lindezas de encher os olhos e a alma!
    Afinal, toda semente plantada com carinho, floresce.

    Bjs

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    1. Zilda, essas pessoas realmente são complicadas. Porque será que fazem isso? Deveriam então trocar os presentes em casa.
      Ainda bem que não temais que conviver com isso.

      Beijos

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