quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Para que tantas coisas materiais?

Quando fui para Porto Alegre, na madrugada de sexta-feira, com o intuito de me despedir da minha Vó Lina, coloquei em uma sacola apenas três calcinhas, escovas de cabelo e dental, remédios, carteira de identidade e cartão de débito/crédito. Assim embarquei e assim fui sem nem saber quantos dias ficaria. Nada de maquiagem. Nada de acessórios. Nada de roupas. Nada de sapatos.

Horas depois da minha chegada vi chegar uma prima que mora em Florianópolis. "Estava de calcinha e soutien quando ligaram, fiquei sapateando e nem roupa não atinava de colocar", disse ela que também portava uma pequena mochila e a roupa do corpo. Começamos a rir da semelhança das situações e depois a chorar e depois ficamos por ali. Aliás, todos pareciam um bando de zumbis que não tinham muita consciência do que faziam.

Minha irmã chamou atenção quanto à minha calça com os apliques soltando dos dois lados. E quem disse que eu vi a calça que peguei?

Sem roupas para trocar. Calça desmanchando. E nada disso importava! Nada!

A Vó Lina estava tão linda! Parecia estar dormindo e às vezes eu conseguia vê-la mostrando a língua da mesma forma que sempre fez para inticar com a gente. Estava usando o vestido que escolheu: cinza com prata, adamascado e o sapato prata (não que eu tenha visto o sapato, apenas me contaram e falaram que estava até de meia fina).

Detalhe é que a gola do vestido estava cortada e minha avó era um luxo só na costura, só trabalhava com alta costura! Então, alguém fez aquilo no vestido e com certeza para conseguir vesti-la naquele momento, fato que nem comentei porque minha mãe surtaria ao saber que o vestido escolhido foi estragado. Bobagem! Mas nessas horas é melhor ficar quieta!

E passei alguns dias em Porto Alegre com vestidos emprestados, pijamas emprestados... e não senti falta ou saudades das minhas roupas.

Na hora em que o coração fala mais alto deu para perceber a pouca importância que as coisas materiais assumem. E no geral estamos preocupadas com os quarenta vestidos, os cento e vinte pares de sapatos, as compras desnecessárias que fazemos, o carro novo, aquele lançamento do vídeo game, tudo isso até perceber que nada disso faz sentido algum.

Ufa! Consegui escrever e ocultando detalhes que eu tinha medo de não conseguir segurar!

Como diz minha mãe "a vida continua!". Sim, mãe, continua, mas com uma saudade imensa, um rombo imenso no peito e uma falta incalculável que ela vai fazer. 

Vó, a senhora foi muito mais que uma avó para mim, foi uma MÃE COM AÇÚCAR!!!

2 comentários:

  1. Falou tudo, Ziula. Na hora "h" as coisas materiais não importam.

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  2. No dia 28 de janeiro desse ano minha vo partiu,sai de casa com um short azul manchado de alvejante e uma blusa regata velhinha,so me dei conta da roupa que usava no outro dia,quando cheguei em casa.Nada disso tem valor quando se perde o mais importante.

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